quarta-feira, 19 de março de 2014

Conheça o Alberto Duvivier, o tricolor de Sampa.


Duvivier com o filho e os sobrinhos: todos paulistanos e Fluzão.



O nosso entrevistado de hoje é o Alberto Duvivier Ortenblad, conhecido como Alberto Tembo e para os tricolores Duvivier.  Ele nasceu em Boston em  1974 estando com 39 anos. Veio para o Rio de Janeiro com 6 meses e depois foi “exilado” para São Paulo.

Ele é artista ( primo do Duvivier do Escada dos Fundos) e  Educador, sócio da empresa Zebra5 – Jogo e Arte.   www.zebra5,com.br.

Adora esportes, tanto para jogar como para assistir. Tem como hobby o aquarismo há mais de 15 anos.

E o Fluminense?  Ah meus queridos, nunca duvidem do Fluminense!  Nada de segunda p
ele. É a minha única.
 


1) Quando percebeu que era tricolor ?

R - Em 1980, com 6 anos, me lembro de assistir à final do Carioca entre Flu e Vasco. Tomei um baita susto com o pessoal vibrando com o gol do Edinho, meu pai pulando e berrando GOOOOLLL! Ali está minha mais remota lembrança concreta de um jogo do Fluminense. 

2) Teve influência da família?

R - Meu pai é Fluminense. Com certeza foi essencial para minha escolha pelo querido pavilhão das três cores. Elas não apenas traduzem tradição, mas a transbordam aos que são a elas apresentados. Foi assim que meu pai me fez tricolor. Foi assim que fiz de meus sobrinhos paulistanos tricolores. E foi assim que meu filho de 5 anos se fez Fluminense.

3) Como sendo paulista se tornou  torcedor do Fluminense?


R -Cresci no Rio, de modo que quando me mudei para Sampa, já era tricolor- o verdadeiro, diga-se de passagem. Com 6 anos, não havia mais risco de desvios. Consolidado a ponto de resistir aos apelos e influências de amigos palmeirenses e são paulinos, principalmente. No tricampeonato estadual e o brasileiro de 1984, fui à desforra! O Flu era o maior do Brasil, e para uma criança de 10 anos, isso bastava!


Duduvier com esposa e filhos no Maraca: orgulho de ser tricolor.

4) Como seus amigos paulistas se comportam com a sua escolha futebolística?



R -Como disse, tentavam em vão me demover da idéia, um tanto excêntrica para eles, de torcer pelo Fluminense. Curioso é que na minha classe havia um outro tricolor, o Alexandre Araújo Osório, hoje radialista esportivo e ainda grande amigo. Então éramos 2 contra a rapa. Atravessamos aquela horrorosa fase dos anos 90 juntos, irmanados pelo (muito) sofrimento e pelas (poucas) alegrias. Aos poucos, os amigos aceitaram, e inclusive adquiriram simpatia pelo Fluzão. Às vezes arrastávamos um ou outro para ver algum jogo do Flu nos estádios paulistanos.




5) Qual seu ídolo(s)  do passado  e do  presente  do  FLU ?


R - Meus ídolos são estrangeiros: do grande Romerito ao pequeno Conca. Excepcionais e comoventes jogadores: técnica e raça correndo juntas. 
Até hoje lembro da minha tristeza de adolescente quando ouvi Paulo Stein, da extinta Manchete Esportiva, anunciar: "Podem tocar as castanholas, Romerito acaba de ser vendido ao Barcelona". Peguei raiva do Paulo Stein...

Vale também citar dois grandes zagueiros: Edinho e Thiago Silva. Dois monstros tricolores de coração.

6) Qual o jogo mais emocionante que já assistiu e porque  ele te marcou?



R - Três jogos: 

Flu 0 x 0 Vasco, final do Brasileirão de 84; afinal, campeões do Brasil! É preciso dizer mais?

Flu 3 x 2 Vasco, quartas de final da Copa Uniao, 1988. Eu com 14 anos, de férias, viajando, assisti a este jogaço pela TV: www.youtube.com/watch?v=OfPkQWsdwRs

Flu 3 x 2 Flamengo, final do carioca de 1995: sobre este épico escrevo mais abaixo.


7) O que achou da volta do Conca?


R -  Falar o quê do Conquinha? Apenas: seja bem vindo de onde nunca deveria ter saído!



Duduvier com a família em mais um momento único: ver o Flu no Maraca.




8) O  que espera do Fluminense em 2014, depois de toda essa confusão de cai não cai?



R  -  Ainda acho estranho toda a confusão com a Lusa. Acredito que houve mutreta- a ser devidamente averiguado. Doa a quem doer.

Em 2014, espero que joguemos BEM. Principalmente. Anseio até mais por isso que por um caneco. Se este time jogar como os que nos fizeram grandes - ou seja, como um verdadeiro time de Guerreiros - não há quem segure. Temos jogadores muito bons! 

Agora, um zagueirão bom cairia muitíssimo bem neste elenco...



9) O que acha do projeto Sócio Torcedor?

R  -  Os tricolores de todo o canto que puderem, devem ajudar o clube. O maior patrimônio de um clube é sua torcida, e clube e torcida devem se entender, ser permeáveis entre si. Crescer juntos. Um clube dissociado da torcida é muito pequeno. Uma torcida distante não existe de verdade. Então, entre erros e acertos, o projeto é essencial ao clube.




10) O que acha do Marketing do Fluminense?

R - Vejo o setor de Marketing tentando agir, como no projeto Tricolor em toda a Terra, e com ações que envolvem nossos ídolos do passado. Mas a grosso modo, falta muita imaginação no futebol, campo arraigado e um tanto retrógrado. As novas mídias da rede social (nem tão novas assim) são ainda pouco exploradas. Mas vejo o clube tentando alguma coisa, diferente da década passada.



Com o filho em jogo do Flu nas terras paulistas: paixão que não se mede.

11) Você frequenta a  Sampa Flu?


R - Frequentei por um curto período. Havia pessoas excelentes por lá, hoje não sei porque estou um pouco distante de SP, vivendo em Jundiaí ( a cerca de 60 km da capital).



12) Conte alguma coisa interessante  que tenha acontecido em relação ao fato de você torcer pelo Fluminense.



R -Final do carioca de 1995. Saí de SP com meu Uno Mille, no domingo, com 2 amigos - um deles o Osório, tremendo pé-frio tricolor. Sempre que ia a um jogo decisivo com o Osório, o time tomava paulada. Uma vez chegamos a encontrar um conhecido na entrada do Maraca. O sujeito, ao vê-lo, gritou: "Não, você veio! Agora não tem jeito, o Fluminense vai perder! Por que você veio...?!". O sujeito, ANTES do jogo, já estava quase chorando... e dito e feito, perdemos a final para o Vasco, no ano da morte do Denner. 
Em 1995 era a hora da virada!! Desta vez ninguém segura, eu pensava. Mas, traumatizado, eu seguia com uma ponta de dúvida...afinal, a meu lado estava o Osório.
Dois a zero no Flamengo e até o Márcio Costa jogando o fino. Pelo visto, era hora de enterrar a sina de pé-frio do Osório e a década mais horrorosa do Fluzão.
Mas nunca é fácil. Nunca. E veio o 2x1, expulsão pros dois lados. Bom, perdemos o Sorley e eles o Romário. Jogo tenso. 
E então ouvi o maior silêncio da minha vida. Gol do Fabinho ( acho que o único da vida dele.) Empate do Flamengo. Fiquei congelado por 5 segundos, fora do mundo. E então ouvi uma onda enorme, avassaladora. Um tsunami no Maracanã, que era majoritariamente deles.
Os piores pensamentos vieram. "Eu sabia, não deveria ter vindo! Quem pode ganhar com esse time? E o Lira foi expulso, FDP irresponsável!!! Vou ter que voltar pra São Paulo hoje. Não agüento mais..." mas num momento de lucidez, a despeito de tudo, eu me lembrei com muita raiva do motivo da derrota.."o Osório...". 
E então ocorreu o maior momento tricolor, que nos permitiu vencer o Flax Flu do século: O OSÓRIO SAIU DO ESTÁDIO. Amargurado com o empate que dava o título ao Flamengo, ele se retirou em momento de auto-flagelação. Confesso que estava na rampa, tentando recolher os amigos para voltar para Sampa, quando ouvi os gritos de gol. De quem? Alguém, erroneamente, me informou: do Ézio ( bem que o super merecia, mas foi a santa barriga do Renato). Saí correndo feito um louco, voltei à arquibancada para ver o jogo mais épico do Maracanã. 
Ou não foi, meus amigos?
É claro que o Osório tem outra versão. Diz que começou uma oração histórica nos arredores do Maraca, blá, blá, blá. 
Mas basta o que sei: se ele não saísse, nunca teríamos este título na nossa Sala de Troféus.
E fim de papo.


13) Deixe uma mensagem para a torcida tricolor espalhada pelo Brasil e pelo Mundo.

Sangue Tricolor, as cores que Duduvier herdou do pai e passou para o filho: Fluminense eterno amor.

R  -  Somos o maior patrimônio deste clube. Estejamos à altura dele, como na Libertadores de  2008 e na arrancada de 2009. Inesquecíveis anos em que a  torcida brilhou irmanada com o time.



SAUDAÇÕES TRICOLORES


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2 comentários:

  1. Fantástico, Nelsão.
    Graças à sua entrevista, sabemos o real motivo do título de 1995.
    Duvivier, mande um forte abraço pro Osório hahaha e outro pra você, é claro.
    Bela entrevista.

    ST

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  2. Chico Buarque e vc Betinho são o que ha de melhor no Flu

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