Maurício, o Ízio: Tricolor da Terra do time do Rei do futebol. |
A entrevista de hoje é com o santista Maurício Pedroso, o Ízio. Ele conta porque preferiu o Fluminense ao Santos e mais da sua história de torcedor tricolor, abaixo:
Meu nome é Maurício. Meu amigos me chamam de “ízio”, apelido que trago
da faculdade de Publicidade e Propaganda que cursei na UniSantos. Minha vida
acadêmica inclui uma pós em Gerência de Marketing que me ajudou pra caramba
durante os cinco anos e meio que lecionei em uma universidade do Guarujá.
Completo 4.0 em 1º de dezembro (provavelmente já calibrei o turbo quando você
estiver lendo essa entrevista). Nasci e morei toda a vida em Santos, a cidade
que é a minha paixão. E que respira esporte. O que me inspiropu a fazer de tudo
um pouco: já joguei bola, peguei onda, puxei ferro. Hoje só corro na praia. Dez
quilômetros, duas vezes por semana. Afinal de contas, se eu vacilar acabo sendo
esculachado pela minha própria circunferência abdominal.
Não casei no oficial, só no paralelo. E da minha união estável com a Michele
vieram a Mandy, nossa cachorra, e a Manoela, a princesa que me tornou o cara
mais babão do litoral. Por ela, criei o blog www.paidemeninasofre.com.br, onde escrevo crônicas da vida real
com mais dois amigos.
Ízio com sua esposa, Michele, a filhota, Manuela, e a Mandy, a pet da família. |
Por falar em escrever, sou redator publicitário desde 1995, ano do
inesquecível gol de barriga. Adoro escrever. Primeiro, porque ganho a vida com
isso. Depois, porque foi escrevendo no antigo blog do Garcez que conquistei um
timaço de amigos tricolores. Sem meu teclado, talvez eu não estivesse aqui
contribuindo para o excelente trabalho do meu parceiraço, Nelson D'Elia.
1) Como você se tornou um apaixonado torcedor do Fluminense e com que idade?
Maurício: Nelsão, o Fluminense me escolheu. Eu nasci Fluminense. Digo isso porque não há
um momento da minha vida que eu tenha sequer cogitado torcer pra outro time.
Desde que me entendo por gente sou Tricolor. E isso tem tudo a ver com o meu pai.
A história é bem interessante. Quando ele era juvenil, jogava pelo Santos FC.
Era lateral esquerdo num time que tinha ninguém menos que José Macia, o Pepe,
na ponta. E meu tio ainda era médio volante, vai vendo. Juntos, ganharam alguns
títulos paulistas, têm seus nomes gravados no Memorial das Conquistas do clube
etc. Um belo dia, os dirigentes do Flu vieram a Santos negociar jogadores e
quiseram levar meu pai pra jogar no Rio. Meu avô, portuguesão, disse não na
mesma hora. Afinal, onde já se viu deixar um menino de 16 anos sair por aí com
desconhecidos nos anos 50? Certo ele. Nem todo mundo tem o pai que o Zezé di
Camargo tem, né? hahaha
Desse interesse nasceu o amor ao Tricolor do meu pai. E
aí é que vem o divisor de águas dessa história. Para profissionalizar, meu pai
e meu tio precisariam largar os empregos que ajudavam no sustento da casa pelo
salário de jogador, que era bem menor. O portuguesão disse não de novo e eles
viraram amadores no futebol de salão. Assim, continuavam jogando bola sem ter que
abrir mão do salário do escritório. Anos mais tarde, chega um rapaz na Vila
Belmiro de nome Édson e assume a camisa 10 do profissional. Agora, eu te
pergunto: já pensou meu pai lateral esquerdo bicampeão mundial na década de 60?
Pois é. Coisas da vida.
2) Sua familia é toda tricolor?
Maurício: Hahahaha, quem me dera. Minha família é toda santista. E como sou o primo mais
novo, sofri bullying até dizer chega. Só meu pai comprava minha briga. O único
lúcido à minha volta kkk.
3) O que acham os seus amigos de Santos de você torcer por um time do Rio?
3) O que acham os seus amigos de Santos de você torcer por um time do Rio?
Maurício: Se a família fazia bullying, imagina a corja... quer dizer, os amigos. Sempre
que eu dizia ser Fluminense, a primeira pergunta era “por que?”. Eu respondia
“pelo mesmo motivo que tu é bobo: tá no sangue” hahaha.
Ízio com o amigo, torcedor do Santos, Rafael Oliveira, no Bar da Vila Belmiro, em Santos. |
4) Quais seus idolos de criança e os idolos de agora?
Maurício: Tive o privilégio de ver a Máquina II dos anos 80. Assis, Washington, Deley,
Edinho, Branco, Tato. Mas o ídolo é o Romerito, não tem jeito. Pra mim, ele é
insuperável. Por causa dele, comecei a jogar com a camisa 7. E todas as minhas
camisas, as do Flu e as da faculdade, são número 7.
Ainda terei a honra de
conhecê-lo pessoalmente. Hoje, acredito que somos unânimes em alguns nomes,
como Conca, Fred e Thiago Neves (o de 2008). Também tenho uma admiração muito
grande pelo Diego Cavalieri. Desde Paulo Vitor eu não via um cara tão bom em
nosso gol. Que continue no Flu por muitos anos.
5) O que você acha da volta do Conca?
5) O que você acha da volta do Conca?
Maurício: Fundamental. O Conca é a representação do torcedor dentro de campo. Ele mexe
com a arquibancada, que devolve a energia. Agora depende muito do nível de
motivação do baixinho. Como ele vai voltar? Comendo grama ou só gastando a
grana que ganhou nesses dois anos e meio? Se vier com vontade e contar com a
ajuda de um Fred em forma, vai fazer a gente gritar "é campeão" mais
algumas vezes.
Chamego com a filha, Manu: companheira na torcida pelo Flu. |
6) O que você acha do Marketing do Fluminense?
Maurício: Sempre fui um crítico ferrenho, Nelson. Até por ser um cara de comunicação. As
primeiras ações foram tímidas demais, privilegiavam apenas tricolores do Rio.
Pra mim, o Marketing do Fluminense sempre foi muito míope. Enxerga apenas quem
tá perto. Por exemplo: eu moro em Santos.
Conheço outros santistas que torcem
pro Flu. Conheço cariocas tricolores que moram aqui, por motivos profissionais.
Pergunta se rola alguma ação de marketing pra gente? No começo, era
compreensível por ser o início de um trabalho que praticamente não existia.
Mas, amigo... os caras vão encarar o segundo mandato. Já deveriam ter percebido
que a torcida do Fluminense está no mundo todo. É só pensar um pouquinho que as
ideias pra atingir esse público aparecem. Fazer festinha na cidade que o Flu
vai jogar é pouco. Muito pouco.
7) Cite uma partida que te emocionou demais.
7) Cite uma partida que te emocionou demais.
Maurício: As finais com título sempre são marcantes. Fla-Flu de 1995, Fluminense x Guarani
de 2010. Lembro que quando esse jogo acabou, eu me ajoelhei e chorei que nem
criança. Minha filha chegou de mansinho, me abraçou e deu uns tapinhas nas
minhas costas como quem diz “pode chorar... eu te entendo”. Na época, ela tava
com 2 anos :).
Mas aquele Flu x São Paulo pela Libertadores de 2008 também foi
especial demais, né? Aliás, eu assisti aos jogos da LA 2008 no bar da faculdade
que dava aula. Os alunos iam lá só pra me ver torcer, acredita? Na semifinal,
um aluno ficou me alugando sem parar. A alegria dele acabou quando o Washington
cobrou aquela falta no ângulo. Coitado do moleque, sofreu comigo. No gol do
Dodô ele já tinha ido embora hahaha Mas também teve o revés. A única vez que
fui ao Maracanã foi justamente na final da Libertadores. O jogo foi emocionante
demais. Mas no final, deu no que deu.
8) Fale sobre aquele Flu x Santos ai na Vila Belmiro que você assistiu com o seu primo...
8) Fale sobre aquele Flu x Santos ai na Vila Belmiro que você assistiu com o seu primo...
Ízio desfila sua paixão pelo Fluminense entre os amigos e as ruas de Santos. |
Maurício: Esse jogo foi legal. Era começo dos anos 90 e o Flu era uma tremenda draga. O
time era tão horroroso que nesse dia não veio nem torcida. Por isso, tive que
assistir com meu primo, no meio das viúvas do Pelé. A sorte é que o time do
Santos conseguia ser pior. O jogo foi péssimo, mas ganhamos de 2x0. Dois gols
do Nilson, que fazia dupla de ataque com o Super Ézio. Lembra dele? O Santos
não fazia mal pros Quero-quero que voavam pelo gramado. A torcida vaiava. Eu
vaiava. vaiava muito. Meu primo ria de nervoso. Até que lá pelos 30 do segundo
tempo, um cara pulou o alambrado, pegou a bola, mostrou pro Almir (camisa 7),
colocou na grama, passou pelo goleiro (que ficou estático, devia estar rindo),
chutou e fez o gol. O estádio explodiu num grito só. O cara voltou pro Almir,
falou alguma coisa (deve ter dito “viu como faz?”) e pulou de volta pra
arquibancada. Amigo, como eu ria. Gritei olé e tudo mais. Foi o jogo da minha
vida hahaha.
9) Como a volta de Conca poderia ser aproveitada para
deslanchar o projeto Sócio Torcedor?
Maurício: Acredito que isso irá acontecer naturalmente. Tricolores de todas as partes irão se
associar. E será a deixa pro Marketing fidelizar o tricolor de outras cidades.
Alô, Idel Halfen... se quiser, eu faço free lance hahaha
10) Fale sobre a administração do Peter.
Maurício: Pra mim, é o melhor presidente das últimas décadas. Só de resgatar o orgulho de ser Tricolor já merece medalha. O cara fez mágica. No primeiro ano de mandato, renegociou um baita contrato com a Adidas. Se não me engano, os números passaram de 1,9 bi para 9 bi. Fantástico. Conseguiu terreno pro CT, equacionou as dívidas, peitou a Receita. Sou fã desse cara. Teve muitos acertos, assim como erros. Mas o que são os erros do Peter comparados à pouca vergonha que era a administração do nosso clube? Torço muito por ele. De verdade.
11) Deixe uma mensagem para a torcida Tricolor.
Autor do blog "Pai de menina sofre...", mais um momento do tricolor Ízio com a filhota. Conheça o trabalho: www.paidemeninasofre.com.br |
Maurício: O Tricolor é um cara, acima de tudo, invejado. Não existe no mundo uma torcida
como a nossa. Que conheceu o inferno e, mesmo com o rubro(negro) nos espetando
com o tridente, nunca abandonamos nosso pavilhão. Jamais viramos a casaca. Em
momento algum abandonamos o verde, o branco e o grená. Porque a fidalguia está
em nosso DNA. Porque o Fluminense é mais que um clube de futebol. É um Football
Club. E isso causa uma inveja de dar dó, parceiro kkkkk.
ST
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Fotos: Arquivo Pessoal\ Maurício Pedroso.
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