domingo, 23 de março de 2014

Tricolor em Toda Parte: o mineiro Leonardo Calil Rezeck


Leonardo demonstra sua paixão pelo Fluzão!



O nosso entrevistado é o Leonardo Calil Rezeck , mineirim de Itajubá -MG, 36, que cursou até o quarto ano de Engenharia e tem como hobby praticar  Jiu Jitsu e musculação. É  um tricolor apaixonado  e doidim como vocês vão notar a seguir...



1)  Quando você realmente se reconheceu como Tricolor e com qual idade?

Eu tinha 7 anos de idade, quase trinta anos atrás. Pra ser mais preciso, lembro-me perfeitamente do dia 24/05/1984. Era o primeiro jogo da decisão entre Vasco e Fluminense, meu pai não aguentou ver na Tv e foi pra cozinha ouvir no "Motorádio" junto com um amigo, e eu sem entender nada. Quando Romerito fez o gol, meu pai soltou um palavrão e deu um soco na mesa de madeira, literalmente partindo-a ao meio. Fiquei atônito e assustado, sem entender direito o porque daquela reação.

No segundo jogo, no dia 27/05/1984, eu devidamente uniformizado com a camisa do Fluminense, fui novamente ouvir o jogo na cozinha e a tensão tomou conta do meu pai. Foram vários palavrões e copos quebrados até a redenção, até o apito final que fez com que meu pai marejasse os olhos de emoção. Me levou na praça de Itajubá e uma leva de tricolores me vendo com a camisa, me jogavam pra cima como se fosse um troféu. Naquele dia entendi a emoção de ser tricolor. Ali eu me tornei um fanático.


2)  Qual o primeiro jogo que você assistiu no Maracanã?

Sem dúvida o maior jogo que eu vi desde que me entendo por gente. O Fla x Flu do gol de barriga.

3)  Quando você viu pela primeira o Fluminense  ser Campeão?   Conte toda  a viagem da sua vida...

Depois do tri campeonato (83/84/85), o Fluminense padeceu com times medíocres abaixo de sua tradição. Em 92 tive uma das maiores tristezas de minha vida quando o Fluminense estava há 3 minutos de ganhar um título nacional e foi vergonhosamente roubado. Em 95, Renato veio desacreditado para o Fluminense. A imprensa já dava o Flamengo como campeão no ano do centenário. Botafogo tinha Túlio e o Vasco, Waldir Bigode. O que muitos não sabem, é que aquele jogo do gol de barriga não foi uma final. Foi um jogo final do octogonal em que o Flamengo tinha dois pontos á frente do Fluminense. 

Na manhã de domingo (25/06/95) acordei cedo e quebrei a janela do meu quarto. Minha mãe tinha me proibido de ir ao RJ. Até hj ela tem medo quando eu viajo, imaginem um garoto de 17 anos indo pro Rio de Janeiro sozinho, pela primeira vez.


Leo com seu cão: orgulho de ser Tricolor.


Mas naquela manhã nada me importava, só o Fluminense. Acordei com a certeza que o time seria campeão. Já de posse com um ingresso para as cadeiras, parti rumo à cidade Maravilhosa. Foi amor a primeira vista. Quando entrei no Maracanã, me arrepiei todo, me deu vontade de chorar mas segurei as lágrimas. lembro-me de cada lance daquele jogo. No primeiro tempo o Fluminense deu um banho no Flamengo. Massacrou!!! Pela primeira vez na minha vida, eu via o Fluminense fazer um gol no Maracanã, e tinha que ser do meu maior ídolo, Renato Gaúcho. Veio outra pressão e Leonardo, meu xará, fez o segundo. Foi uma explosão inacreditável. 

Veio o segundo tempo e o Fluminense recuou. Erro fatal. O Flamengo descontou com Fabinho e o Maracanã explodiu. Muitos roíam as unhas, tremiam, e mal conseguiam olhar pro campo com medo do pior e o pior aconteceu. Romário que nunca havia feito gol no Fluminense, empatou. A torcida adversária explodiu, a do Fluminense se calou. Não sai da minha memória um sr. de barba branca e cabelos brancos, chorando copiosamente ao meu lado. Eu não acreditava naquilo que tava vendo, não era possível. Por alguns momentos cheguei a duvidar da existência de Deus. Numa entrada criminal, o lateral Lira foi expulso. Ali era o fim, não dava mais. Virei de costas para o campo e fiquei olhando incrédulo para as arquibancadas, queria sair dali, ir embora mas não sabia como fazer. 

Logo após a expulsão do Lira, pensei: já era. O Fluminense entregou o título.

Mas o Fluminense tinha Renato Gaúcho. Ele prometeu e cumpriu: "A torcida tricolor pode preparar a festa. O jejum de títulos vai acabar."

E acabou. 

Leo tem como ídolo e maior momento Renato e seu gol de barriga, em 95.


Deus travestido de Renato Gaúcho, mais uma vez dá provas de sua existência. Eu com os olhos perdidos, olhando pra arquibancada, de costas para o campo querendo ir embora, pude ver o estouro da torcida do Fluminense, olhei pro campo e vi o Djair correndo como um louco, pensei: não é possìvel e desmaiei. Acordei com uma mulher esfregando meu pulso e um cara abanando com a camisa: - Acorda porra!!!! Acorda porra!!! Fiquei ali parado, olhando sem acreditar no placar de 3x2. Quando o Leo Feldmam apitou o fim, num ato impensado, pulei das cadeiras pra geral. Tenho uma cicatriz do joelho esquerdo que guardo até hj como troféu. Pensei, como estará meu pai agora em Itajubá?

Parafraseando Nelson Rodrigues: No maior Fla-Flu de todos os tempos, o tricolor conquistou a sua mais bela vitória. E foi também o grande dia do Estádio Mário Filho. A massa “pó-de-arroz” teve o sentimento do triunfo. Aconteceu, então, o seguinte: — vivos e mortos subiram as rampas. Os vivos saíram de suas casas e os mortos de suas tumbas. E, diante da platéia colossal, Fluminense e Flamengo fizeram uma dessas partidas imortais.
Daqui a duzentos anos a cidade dirá, mordida de nostalgia: — “Aquele Fla-Flu!”. Ah, quem não esteve ontem no Estádio Mário Filho não viveu. E o Fluminense fez uma exibição perfeita, irretocável. Lutou com a alma indomável do campeão.

25/06/1995 - o dia mais feliz da minha vida. Meu aniversário- 26/06/95. Fiz 18 anos vindo do Rio de Janeiro pra MG. O maior presente que ganhei em toda a minha vida.

4) Qual o titulo que te  deu mais alegria o Carioca de 95 ou o Brasileiro de 2010?

Sem sombra de dúvida, o carioca de 1995. E digo mais, mesmo que o Fluminense vença uma Libertadores ou um mundial, nada me marcará mais do que o título de 1995.

5) Qual a maior loucura que você fez pelo Fluminense?

AH, foram várias. Na época negra do Fluminense (1997), um professor do cursinho fazia piadas falando que o Fluminense iria jogar na segunda e todo mundo rindo da minha cara, pedi várias vezes pra parar e ele insistiu. Levantei da carteira soquei o peito dele e joguei o infeliz no chão. Fui expulso do cursinho e quando chegou a carta em casa, minha mãe veio aos berros falando pro meu pai que eu tava virando um marginal. Meu pai perguntou o que tinha acontecido e eu expliquei que o professor tava zombando do Fluminense e bati nele. Meu pai me deus os parabéns e ainda queria ir na porta da escola tirar satisfações com o tal professor. Minha mãe ficou furiosa.

Já perdi namorada, amigos, tudo pelo Fluminense mas sem dúvida alguma a maior loucura foi ter fugido de casa em 95 pra ver aquele jogo memorável.


6) O que você acha do  Romerito?

Não lembro dele como jogador, mas pelo que meu pai fala ele merecia ter uma estátua nas laranjeiras. Um dos maiores meias que o clube ja teve. É tricolor de verdade.


7) Fale sobre alguma história  do  Fluminense que o teu pai te contou.

Poxa são tantas. A que mais me marcou é ele contando que acompanhava o Fluminense pelo rádio. Ele morava numa cidade menor que a minha atual, era tipo uma roça mesmo. Meu pai era filho de fazendeiro descendente de Libanês, meu avô era muito rigído. Ele não aguentou aquela vidinha pacata e foi pro Rio de Janeiro em 1962, com 21 anos. Foi sem conhecer nada. Largou a família, emprego e escola, tudo pra ficar perto do Fluminense. Ele conta e se emociona até hj que morava na Cinelândia e ia a pé pro Maracanã ver o Fluminense. Ficou três anos no RIO, sem perder um jogo do Fluminense.

Ele fala tb de um time mágico do Fluminense. Castilho, Píndaro e Pinheiro, Jair Edson e bigode, Telê, Orlando, Escurinho e Didi. Foi o maior time que ele viu no Fluminense.

Teve um diário que eu achei uma vez em casa que me emocionou bastante. ele escreveu no dia que o Fluminense foi campeão Brasileiro em 84: "Fora o nascimento do meu filho, esse foi o dia mais feliz da minha vida."

8) Fale alguma coisa sobre   Renato    Gaúcho,   seu ídolo eterno.

Leonardo, no maracanã para assistir o maior clássico do futebol brasileiro: o FlaxFlu.


Renato pra mim não é um ídolo. Renato é um Deus. O que ele fez pelo Fluminense em 95, jogador algum fará. O Fluminense estava a 10 anos sem ganhar nada, carente de ídolos, ele veio e desbancou o Flamengo, comandou aquele time de "operários" mas eram operários com vergonha na cara, como ele repetia várias vezes.... 

Renato Gaúcho devolveu a autoestima dos tricolores. Merecia ter uma estátua eternizada nas laranjeiras. Não admito que falem mal dele, eu brigo mesmo. Em 2003 quando fui nas Laranjeiras tirar uma foto com ele eu gelei, tremi todinho quando cheguei perto dele. Curioso que comigo na foto ele saiu sério, com minha ex ele saiu sorrindo. Olhei na cara dele e falei: obrigado por 95. Obrigado por ter feito o dia mais feliz da minha vida.

Renato e Ézio na minha opinião, são os dois maiores ídolos dos últimos 30 anos. Não posso falar de Assis e Romerito pq não lembro dele com a camisa do Fluminense, mas do que eu vi jogar, Renato e Ézio foram os maiores. Conca e Fred não chegam aos pés deles.

9) Fale sobre CONCA.

Um excepcional jogador, Um craque. Levou aquele time de 2010 nas costas, tem muita identificação com o Fluminense e joga demais. Mas jogar hj em dia no Fluminense é fácil. Receber salários astronômicos em dia é fácil. Quero ver fazer o que o Renato fez em 95. Jogar sem receber e bancar salário de alguns jogadores do próprio bolso.

10)  O que você espera do Fluminense em 2014?

Eu espero que o Fluminense vença tudo que disputar, tem que ser assim, não pode ser de outra maneira. Eu não gosto desse presidente atual acho que ele usa o Fluminense como brinquedinho e é uma tremendo amador. Não entende absolutamente nada de futebol. Pode entender de administração, mas de futebol, não entende nada. Quero ver o Fluminense campeão carioca, Brasileiro e ganhar uma Libertadores pra suprir aquela de 2008. Juntamente com 1992, os mdois dias mais tristes da minha vida. Aquele time de 2008 não merecia perder, não merecia ser roubado. Foi muita injustiça.

11)  Deixe um recado para a torcida tricolor espalhada por todo o Brasil.


Alô, galera do Fluzão! Recado do Leonardo "para geral"!

Eu gostaria de pedir desculpas pra muita gente que ja ofendi e briguei por causa do Fluminense. Nesse aspecto eu sou um pouco ignorante, não aceito opinião divergente da minha minha. Brigo até com meu pai e ele ja chegou a quebrar um cinzeiro na minha cabeça. 

O Fluminense é  minha vida, é o meu amor, não tem como ser diferente. Meu grande amigo Seu Nelson testemunhou isso em 2012. É uma emoção difícil de explicar.

Saudações Tricolores



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