quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tricolor em Toda Parte: Sergio Vellozo


Sergio Vellozo, o capixaba tricolor viajou pelo Brasil e mundo demonstrando a paixão pelo Fluminense.

Eu fiz uma entrevista com o amigo Sergio Vellozo Lucas, em mais um grande bate-papo sobre o Fluzão. Leie aí!





Eu tenho 53 anos até a próxima semana, nasci em Vitória e morei em Vila Velha até os 17 anos. Daí seguiu-se uma diáspora de 18 anos em que morei em Londres, Rio de Janeiro e Niterói até voltar pra terra que recolheu o meu umbigo. Moro na praia que povoou os meus sonhos de infância em Vila Velha.



Meus hobbys eram os esportes, surf, basquete, vôlei, tênis, esqui, motocross  e, é claro, futebol. Nunca fui muito bom em nada talvez porque quisesse ser muito bom em tudo, ou talvez isso seja somente uma desculpa.Fraturas, ligamentos, meniscos, lesões musculares, conheci isso tudo como médico e como paciente. Se eu tinha um parafuso a menos, depois das diversas lesões agora tenho alguns parafusos a mais. Ainda tento praticar a maioria desses esporte quando os joelhos permitem, mas a minha realidade é maior é uma corridinha na praia e umas ondas perto de casa.




Sou médico formado na UFF, trabalhei em praticamente todos os grandes hospitais do R.J em CTIs e em Prontos-socorros, até definir que era maluco e optar pela psiquiatria. Meu chefe no Procordis em Niterói me perguntou na época: _Rapaz, você tem tanto talento, porque resolveu abandonar a medicina?




Também amo literatura e adoro escrever. Não, na verdade adoro ler e escrevo por uma certa necessidade de não sei exatamente o que.



1- Como o Fluminense entrou na sua vida?

Sergio: Meu pai e meu irmão mais velho são tricolores, mas foi um tio-avô materno a maior influência da infância, ia olhar as minhas peladas de garoto como meia do Fluminensinho da Glória, time criado pelo meu irmão e me enganava dizendo que eu jogava igual ao Gerson. Ele mesmo, o canhotinha, quando eu descobri que não era nada daquilo Tio Paulo já tinha morrido e deixado no mundo seu imenso amor pelo Fluminense.



2- Quando você percebeu a paixão pelo Fluminense?

Sergio: O Fluminense faz parte das minhas mais antigas memórias, aprendi a ler aos 5 anos e desde então meu pai chegava do trabalho com o jornal O Globo e me entregava direto a página de esportes. Cresci lendo À sombra das chuteiras imortais", Nelson Rodrigues era meu ídolo tanto quanto Denílson, o rei Zulú ou Samarone, o diabo louro.



3 - Qual foi seu jogo inesquecível?

Sergio: A partida mais inesquecível foi um Fla X Flu de 1967, primeira e única vez que fui com meu pai ,além do meu irmão e de um tio flamenguista. O Flamengo fez 1X0 , gol de Silva e o tio pegando no pé da gente, o Flu empatou ainda no primeiro tempo e virou pra 3X1 com uma atuação soberba de Samarone, eu tinha somente 7 anos e jamais esqueci daquele dia. Mas o campeão daquele ano foi o Botafogo portanto quero acrescentar o título de 83, eu estava no Maracanã em 83 naquele lançamento fantástico do Deley para o Assis, que parecia não ter força para chutar a bola após um pique da intermediaria aos 45 do segundo tempo, comemorei mais do que no gol de barriga do Renato.

Sergio numa gruta próximo à Bonito (MS): Tricolor onde estiver.


4- Quais são os seus ídolos tricolores?


Sergio: Samarone, Denílson, Lula, Galhardo, Flavio, Manfrini, Rivelino, Edinho (o zagueiro e não o comentarista) Ricardo Gomes , Tato e Assis no passado. No presente Conca, Fred e Cavalieri estão afetivamente num patamar inferior aos ídolos do passado, seja porque antigamente havia uma identificação maior com o clube ou porque nossos amores da juventude são mais poderosos. 



5- O que você acha do Presidente Peter?

Sergio: Tenho boa impressão do Peter, é  sério , acredito na sua tentativa de sanear as finanças do Flu e acho que tenta se cercar de profissionais qualificados quando delega poder. Comete muitos erros, mas parece aprender com eles e evoluir.



6- Qual sua impressão sobre o trabalho de base do Fluminense, em Xerém?

Sergio: Nunca estive pessoalmente em Xerém, gosto da ideia de formarmos jogadores de qualidade e acho que estamos no caminho certo. Mas a forma como vendemos facilmente nossas revelações me da a sensação de que deixamos as raposas tomando conta do galinheiro.


7- O que você  acredita que falte ao Fluminense para se tornar  um dos 5 maiores Clubes do Brasil?


Sergio: Fidelisar melhor sua torcida, continuar disputando títulos e muito marketing.


8- Qual sua opinião sobre a campanha de 2013 do time?


Sergio: Uma completa decepção, estou longe de ser um sujeito otimista, mas a campanha desse ano superou as minhas piores previsões e se formos rebaixados será pior do que todos os meus piores pesadelos.



9- Deixe uma mensagem à Torcida do Fluminense:

Sergio com a esposa Angelita: uma ex-rubro-negra que foi conquistada pelo sentimento verde,branco e grená.


Sergio: Vejo ser tricolor como uma forma de abordar o mundo, somos o único clube que adota a fidalguia a partir do hino. A maioria dos clubes grandes têm ídolos, títulos e torcida apaixonada, mas só o Fluminense possui o maior escritor da história do esporte que conseguiu descrever nossas emoções mesmo antes de sermos capazes de senti-las. O Fluminense paira acima das paixões ordinárias.
  
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Fotos: Sergio Vellozo\Arquivo Pessoal.

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10 comentários:

  1. Meu Alzheimer chegou lá, não lembrava o ano exato desse jogo e fui perquizar. Entre 66 e 70 não houve nenhum jogo Flu 3X1 Fla. Consultei meu irmão que só lembrava que Samarone tinha entrado no segundo tempo e sido caçado por Almir zagueiro do Flamengo. Meu pai, Laércio, 81 anos resgatou melhor. Foi sim a final de 1969 Flu 3 X2, campeão. Na minha memória de criança a virada sobre o Flamengo ficou mais fixada do que o título.

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    1. Sergio o mais importante não é a data e sim a emoção que ficou gravada na sua mente.

      Saudações Tricolores.

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    2. Obrigado Nelson, também penso assim tanto que não costumo checar os dados antes de fazer comentários, mas eu confesso que fiquei meio desapontado com a minha memória, o 3 X 1 se explica pelo andamento do placar o Fla fez 1X0 , o Flu virou pra 3X1 e eu nem registrei o segundo do Flamengo. Mas esquecer que era a final foi dose, acho que o mais importante na ocasião foi sacanear o tio flamenguista, que era o nosso cicerone por ser o único que morava no Rio na ocasião. Ainda não tive chance de rever meu pai e meu irmão depois dessa consulta que fiz a eles por telefone, isso acontecerá amanhã e vai ser o principal tema da pauta. Grande abraço.

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  2. Sou fã dos textos do Sergio e lembro-me como se fosse hoje o dia em que ele escreveu sobre o que repete nessa maravilhosa entrevista: "Ser tricolor é uma forma de abordar o mundo." Simples e extraordinário. Orgulho de ser tricolor quando leio as histórias como a dele.
    Grande beijo. Parabéns, queridão. Vc tem realizado papos emocionantes!
    ST

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    1. Valeu Crys, na verdade você é uma das culpadas pela minha disposição de comentar os assuntos do Flu, quando repercutiu o primeiro comentário que mandei para o blog do Garcez. Lembro que o Marcio Rocha ficou com ciúme e eu pensei com meus botões: _se essa fera aprovou é porque o texto deve ter alguma serventia.

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  3. Sergio, sempre sensacional !!!!


    Saudações Tricolores

    TT

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    1. Obrigado TT, o elogio é muito especial vindo de você, que é, sem favor algum, um dos grandes ícones do T & G. Provavelmente é a única pessoa que reconheço na internet somente pelas duas iniciais do codinome. 'Grande abraço tricolor.

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  4. Um texto envolvente que proporcionou uma leitura deliciosa. Sergio, talvez a sua necessidade de escrever seja para emocionar a gente. Acredite, quando as perguntas terminaram, deu pra ouvir a torcida no Maraca gritar "ooooooooohhhh". Um forte abraço pra você e parabéns pro Nelson pela entrevista.

    ST

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    1. Poxa Izio, eu fiquei muito lisonjeado, especialmente considerando que você entende de comunicação por conta de sua profissão. E mais ainda porque você é especialista em emoção, como fica claro nos seus textos sensíveis e originais como pai de menina. Forte abraço pra você também, estou aguardando a sua entrevista.

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  5. Parabéns, Seu Nelson! Mais uma ótima entrevista.
    ST4

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